Uma maçã podre envenena outras

Texto Base: I Co. 5:1-15
Uma importante e significativa característica que deve existir entre um grupo de louvor em formação é o entrosamento entre os músicos e cantores. Um som em desarmonia, onde cada um faz um som diferente, com ritmos e volumes desbalanceados, demonstra um fator de desunião entre o grupo. Parece que não há sintonia, parece que está ali cada um por si, passando a imagem de que não há comunhão entre o grupo. Claro, que pode existir a comunhão de Cristo, sim, mas o jeito como eu toco ou canto reflete com mais intensidade para a Igreja. Um ministério de louvor deve representar uma parceria mútua entre seus membros, seja na intimidade do dia-a-dia, como no púlpito. Não há nada pior do que numa guerra, se dividir um exército inteiro. A destruição seria inevitável.
Mas como adquirir entrosamento entre os membros de modo que isso transmita um som coeso e sem espaços? Antes de discorremos no questionamento, é preciso compreender que todos ali representam um só corpo, com diferentes funções, o mesmo que o corpo de Cristo.
Verificando a carta aos Coríntios, capítulo 5, o Apóstolo Paulo veementemente admoesta aquele povo contra a imoralidade, enfatizando que se há algo sujo e contaminado entre eles, todos seriam afetados também. O entrosamento nasce quando todos passam a ter os mesmos pensamentos, mesma fé e mesmos propósitos. Se houver pelo menos um com outros ideais, com certeza, todos serão machucados, inclusive, a Igreja. Pecado escondido, muitas vezes não levado em consideração, é uma das piores marcas de apodrecimento dentro de um grupo. Pra que ele seja revelado, precisa nascer a confiança entre o grupo. É ai que entra o entrosamento do grupo. Se não houver momentos extra-ensaios, não se consegue a confissão dos pecados.
Por isso, é recomendável, realizar almoços, jantares, momentos de confraternização entre o grupo, porque são nestas horas que se firmam as alianças entre eles. Quando eu passo a contar um pouco mais da minha história, para algum integrante do grupo. Tenho vivido isto, às vezes, fico até 12 horas da noite, na porta da Igreja, conversando com meu baterista e o meu sonoplasta, contando a eles minhas experiências boas e más, e eles reciprocamente. Conversamos sobre tudo e claro sempre voltando para nossa base da fé, Jesus Cristo. Tenho me tornado mais íntimo dos meus irmãos e porque não, amigos. O grupo passa a se tornar mais família, quando há entrosamento seja musical ou não. Firma todos num só pensamento e não dispersa em demasia os desejos. Ali, se percebem as atitudes, os modos de agir dos membros fora do ambiente de ensaios. As máscaras caem de uma vez entre todos e a reconciliação não é imediata, mas acontece.
Não adianta dois ou mais no grupo que busca uma vida de santidade, mas em compensação a somente um está fora deste padrão. Este, com certeza, trará desarmonia para o grupo. A obra de Deus não é individual, mas conta com uma série de responsabilidades e renúncia das próprias vontades em favor do outrem.
Solidifica-se um grupo com pensamentos voltados para um só foco. Todos andando por um mesmo caminho, porque caso algum venha a cair, existe alguém para estender a mão e ajudar a levantar. Mas se não houver o mínimo interesse do que está caído em se levantar, este vai causar transtornos e atrasar os que estão querendo chegar no final da estrada. O apóstolo diz que devemos expulsar do nosso meio o homem imoral, definindo até quando suportaremos que uma maçã apodreça e envenene outra. Todos ali precisam se definir se vão ou não continuar.
Sempre é bom jogar limpo com o grupo, falando em amor e na verdade de Cristo. Porque Deus não chamou somente os capazes, ele enviou Jesus para os que estão doentes. Ele sim é o único capaz de curar feridas e o estado de putrefação que muitas vezes há no nosso meio. Convide seu grupo à responsabilidade espiritual.
Há uma história interessante, um dos meus músicos tinha a mania de todo culto de oração pedir pela sua vida espiritual e eu nunca via ele mudar. Parece que sempre que pedia oração era como se fosse um pedido de perdão por causa de negligencia com Deus. Eu cheguei para o meu grupo e disse que não queria mais ouvir ninguém pedir por vida espiritual, porque vida espiritual se possui lendo a Bíblia, orando e jejuando dentro de casa, o desejo tem que nascer naturalmente de cada um. É dever e obrigação de cada um buscar vida reta diante de Deus. Foi benção, nunca mais ouvi ninguém pedir por vida espiritual e passaram a realmente ter uma vida consagrada depois que passaram a ler a Bíblia e a buscar Cristo em suas vidas, a conseqüência foi a presença constante nos cultos semanais da Igreja e passaram a apoiar outras que se encontram com a vida espiritual dúbia.
Se pelo menos um pecar, todos pagam. Esse é o que sempre afirmamos no nosso grupo durante nossos encontros. Principalmente, porque diante da Igreja representamos um só corpo, e se todos ali são santos, verão a Deus. Sem o julgamento mútuo entre eles, Deus passa a ser o comandante da batalha, do exército e nós espalhadores de maçãs com sementes incorruptíveis.