Acima de tudo o amor

Texto Base: I Co. 13:1-13
Ultimamente, tenho vivido dias bem atribulados, como se só eu passasse por tal situação. Mas toda estas minhas tribulações me serviram para refletir sobre minhas ações diante delas e como tenho solucionado diante de Deus.
Logo na primeira semana deste mês de dezembro, prestei vestibular, tendo como resultado a reprovação. Mais triste fiquei porque o namorado da minha irmã perdeu a prova e não poderia mais contar com ele para ser meu colega de classe. Angustiei-me, questionei a Deus o porquê de não ter passado, achando que eu merecia alguma coisa. Pode? Pra piorar, na semana seguinte, adquiri uma bactéria que me deixou de cama, me impossibilitando nas minhas atividades normais da Igreja. E mesmo morrendo, tentei ir para Igreja, mas lá passei muito mal e acabei voltando pra casa. Que coisa, não? Pra completar, me desentendi com meus pais, me deixando tão chateado que nem eu mesmo me reconheci. Pra onde eu estou caminhando? Enfim, coisas de um pobre mortal pecador que não tem o que fazer.
Cada momento me fez perceber que os pecados quando vêem, reativam a idéia que não sou perfeito e que careço cada dia mais de Jesus. Passei então a meditar no capítulo 13 da carta aos Coríntios e notem que texto magnífico.

(v.1) Ainda que eu fale as línguas dos homens e dos anjos, se não tiver amor, serei como o bronze que soa ou como o címbalo que retine.

No primeiro versículo, observamos o apóstolo Paulo retratando a importância do amor. Naquela época, estava virando de costume achar que só era mais santo quem manifestava o dom de línguas estranhas. Todos, por tanto, para ficarem em evidência, queriam possuir tal dom. Mas de que adiantava ter o dom, se as intenções eram outras? Então o apóstolo adverte ao povo que não há hierarquia entre os dons, mas entre dons o maior era o amor. O que havia era o complemento entre os dons e a cumplicidade entre suas manifestações. Contextualizando, isto também serve para exemplificarmos quando exortamos outrem sobre algum erro e praticamos diariamente este erro. Um contexto melhor está em Mateus 3:7 que diz: Por que vês tu o argueiro no olho de teu irmão, porém não reparas na trave que está no teu próprio? Você quer que todos falem a mesma língua que você, mas você nem sequer fala esta língua. O amor não é só de boca pra fora, precisa ser vivenciado.

(v.2) Ainda que eu tenha o dom de profetizar e conheça todos os mistérios e toda a ciência; ainda que eu tenha tamanha fé, a ponto de transportar montes, se não tiver amor, nada serei.

Perto do amor, toda a sabedoria do mundo, inteligência, vestibular é nada. Foi então que percebi qual estava sendo a minha motivação nos meus estudos. Será que o amor prevalecia? Não pelos estudos, mas o amor que faz a diferença. Assim que soube que perdi, o que fiz foi murmurar e achar que Deus estava sendo injusto comigo. Como me faltou amor, eu não soube perder e passei a me questionar com Deus. Queria ter tudo, até bons estudos, mas Deus sabe o que é melhor e ele quer que sejamos pacientes e esperemos em amor. O tempo de Deus para esta minha realização vai chegar. Isso é um exercício do amor.

(v.3) E ainda que eu distribua todos os meus bens entre os pobres e ainda que entregue o meu próprio corpo para ser queimado, se não tiver amor, nada disso me aproveitará.

Assim que me dei conta da minha enfermidade, fiquei transtornado, pois naquele dia haveria uma festividade na qual o Ministério de Louvor da Igreja seria a anfitriã. Minha preocupação era em saber se as pessoas iriam ficar chateadas ou esqueceriam de retornar para a outra data que seria marcada. Acabei me enveredando pelo caminho do preciso fazer senão eu morro, porque vão me matar. Estava fazendo tudo por uma obrigação, por ter que dar satisfação aos outros. Mesmo que morresse literalmente diante de todos. Ainda cheguei a ir pra Igreja, mas como estava sozinho, sei que me deitei e acho que desmaiei ali mesmo. Deus não procura sacrifício, ele prefere obediência. Deus sabia que eu estava doente e que por isso não poderia correr o risco de piorar ali mesmo. O amor ele não precisa de chicotes nas costas, não precisa que sejam pagas promessas, enfim, não adianta fazer tudo sem amor. Na verdade, todo o sacrifício deve ser feito, mas feito em amor. Naqueles momentos não havia amor em mim, o que havia era um sentimento de preocupação, misturado com ansiedade e de mostrar que tudo ia ocorrer bem, eu estando doente ou não. Eu estava preocupado com o que iam falar, me esqueci que sou humano e posso adoecer como qualquer um. Sacrifício de tolo! Graças a Deus, eu reconheci a tempo, pedi perdão ao meu Deus e fui pra casa descansar. Não adianta lutar contra a maré, o melhor é esperar ela passar pra chegar em terra firme.

(v.4 e 5) O amor é paciente, é benigno; o amor não arde em ciúmes, não se ufana, não se ensoberbece, não se conduz inconvenientemente, não procura os seus interesses, não se exaspera, não se ressente do mal;

Não é de meu costume acordar cedo, mas minha mãe me pediu para levá-la ao trabalho dela. Eu fui chateado, me emburrei, reclamei e fui bem grosseiro com as pessoas que estavam lá. Arrependei-vos! Sim, percebi quão errado eu estava, não só porque se trava de minha mãe, mas porque saí do meu conforto e me senti incomodado por ter saído. Quando Deus nos chama é pra sairmos das nossas vontades e entramos na dEle que são perfeitas, boas e agradáveis (Rm. 12:2). Até para ajudarmos um irmão, sem interesses, sem recebermos nada em troca. O amor é sublime e não se reduz às nossas próprias vontades, mas em satisfazermos a necessidades do nosso semelhante. Ele perece do nosso lado e nós nem notamos.

(v.6 e 7) não se alegra com a injustiça, mas regozija-se com a verdade; tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta.

Lembrei-me do namorado de minha irmã que também prestaria vestibular comigo para um mesmo curso, mas que infelizmente perdeu o horário de entrada. Arrasei-me, já que ele seria meu provável colega de classe, tenho muitas afinidades com ele, principalmente em matéria de estudo. Ele gosta de inglês, informática e teologia, todas as minhas áreas. Eu estava contando com isso. Mas tudo bem. De repente, me veio um sentimento de achar que estava era bom mesmo, porque era menos um concorrente. Podre de mim! Eu repreendi na hora e pedi misericórdia ao Senhor, pois sabia que tal pensamento não poderia vir de mim. Era o contrário do amor, eu passei a me alegrar com a injustiça do meu amigo ali. A glória é que nós temos a possibilidade de reconhecer a tempo e solicitar recursos de Deus contra as investidas de satanás. Mas não ficou nisso. Pra quebrar de vez esta artimanha, dei a maior força pra que ele preste novamente vestibular, nem que seja em outro curso e ele vez o mesmo comigo. Foram momentos de muita alegria e de compreensão, até porque lembram que perdi no vestibular?

(v.8 à 13) O amor jamais acaba; mas, havendo profecias, desaparecerão; havendo línguas, cessarão; havendo ciência, passará; porque, em parte, conhecemos e, em parte, profetizamos. Quando, porém, vier o que é perfeito, então, o que é em parte será aniquilado. Quando eu era menino, falava como menino, sentia como menino, pensava como menino; quando cheguei a ser homem, desisti das coisas próprias de menino. Porque, agora, vemos como em espelho, obscuramente; então, veremos face a face. Agora, conheço em parte; então, conhecerei como também sou conhecido. Agora, pois, permanecem a fé, a esperança e o amor, estes três; porém o maior destes é o amor.

Como diz nos versículos seguintes, o amor é perfeito. Até então me achando perfeito e completamente santo, não conseguia enxergar um palmo na frente do nariz. A verdadeira santidade revela o que está errado, para que não prossigamos pelo caminho do mal. Quando achamos que realmente estamos santos, é porque não somos santos. Transformamos o nosso pensar, nosso agir, nosso falar até onde podemos ser santos e esquecemos de ser efetivamente, com vigilância, examinando as escrituras e reconhecendo que também erramos e que a santidade vem de Deus e não de nossa própria justiça. Nós passamos a tomar a frente daquele que é, que foi e sempre será Deus, o nosso juiz, e que temos na nossa defesa, como advogado, alguém que passou por nossas mesmas debilidades que é Jesus Cristo. O único sentimento, maior que todos os dons, que há de mais significante, é o amor. Por tanto, vai e não peques mais (Jo. 5:14; Jo.8:11).